Imperatriz tenta reconfirmar-se como campeã do Carnaval do Rio com a força da cultura cigana e seus mistérios
A Imperatriz Leopoldinense almeja o bicampeonato, mergulhando nos mistérios e na rica cultura cigana para seu enredo. Com um cordel encantador sobre o testamento da cigana Esmeralda, a escola de Ramos promete revelar como esse documento pode influenciar a sorte das pessoas. O carnavalesco Leandro Vieira destaca que o desfile reserva surpresas inesperadas para o público.
Atual detentora do título do carnaval carioca, a Imperatriz Leopoldinense investe na essência cigana para buscar o bicampeonato em 2024, ano marcado pelos 40 anos do Sambódromo.
Sob o tema “Com a sorte voltada para a lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, a escola de samba de Ramos narrará a saga de um cordel escrito há mais de um século pelo poeta paraibano Leandro Gomes de Barros.
Na trama fictícia, o autor concebe uma personagem cigana que deixa um testamento. Este documento assume o papel de um guia para a sorte, conforme explicou o carnavalesco Leandro Vieira, responsável pelo enredo da Imperatriz em 2024.
“Esse cordel já é uma obra de ficção que explora o imaginário cigano. Há mais de cem anos, Leandro Gomes de Barros se apropriou da cultura cigana, explorando sua conexão com a interpretação dos sonhos, a astrologia e a leitura das linhas da mão. Ele imaginou o testamento dessa cigana”, enfatizou Vieira, renomado carnavalesco com três títulos no Grupo Especial do carnaval do Rio.
Ele acrescentou que o desfile reserva momentos inesperados: “Aguarde o inesperado, espere perucas e descubra o significado de ‘sonhar com a dama do baralho’. Quem imagina que a Imperatriz se limita apenas à estética cigana não compreende a grandiosidade do que está por vir”, comentou Vieira.
O autor do enredo também esclareceu que a proposta amplia seu interesse em explorar o Brasil e a obra de escritores populares que souberam dar vida à imaginação fantástica, representando uma vocação extraordinária do povo brasileiro.
Confira a letra do samba enredo
Ê cigana, a caravana está em festa
Tem fogueira, dança e seresta
Nesta avenida da ilusão
Ao som de violão e violino
O verso da mais pura inspiração
Descobri seu testamento e fiz um manual
Sonhei a vida feito carnaval
Em devaneios e magia
Cerquei por todos os lados,
Riscando a fé no talão
Apostei na coroa e no coração
O destino é traçado na palma da mão
E a vida se equilibra em cada linha
Andarilho, sonhador
Na corda bamba do amor
Encontrei minha rainha
(Ô Imperatriz)
O destino é traçado na palma da mão
E a vida se equilibra em cada linha
Andarilho, sonhador
Na corda bamba do amor
Encontrei minha rainha
Olhei o céu no infinito da constelação
A noite, o véu, eu vi os astros na imensidão
Fui sob à luz das estrelas
Buscar a certeza da minha direção
Ê luar de balançar maré
Meu cantar é um sinal de fé
Prenúncio da sina da minha escola
O sol beija a lua no espelho do mar
Já está marcado no meu calendário
Verde-esmeralda é vitória que virá
O que é meu é da cigana, o que é dela não é meu
Quando chega fevereiro meu caminho é todo seu
Vai clarear… olha o povo cantando na rua
A Imperatriz desfila com a sorte virada pra Lua