Carnavais

Carnaval do Rio de Janeiro 2022

A Tricolor de Duque de Caxias, a Grande Rio, conquistou o título de campeã do carnaval 2022 no Rio de Janeiro, sendo esse o primeiro título da escola na história. O enredo abordou Exu e apresentou as diversas faces desse orixá, que muitas vezes é equivocadamente confundido com o demônio.

Após quase três décadas no Grupo Especial, a Grande Rio chegou perto do título por quatro vezes, ficando em segundo lugar – sendo o último vice-campeonato em 2020, quando liderou praticamente toda a apuração. Dessa vez, o título foi alcançado, porém não sem emoção: a Beija-Flor de Nilópolis chegou a ultrapassar Duque de Caxias no início da apuração, mas terminou em segundo lugar. Já a São Clemente, que foi a última colocada, foi rebaixada para a Série Ouro.

Paolla Oliveira, rainha de bateria da Grande RioOs carnavalescos da Grande Rio, Leonardo Bora e Gabriel Haddad, destacaram a importância do enredo. Leonardo Bora ressaltou que o objetivo era desconstruir os estereótipos negativos atribuídos a Exu devido ao racismo religioso, evidenciando que essa divindade é múltipla e viva. Já Gabriel Haddad relembrou o desfile de 1993, quando a Grande Rio retornou ao Grupo Especial e se manteve nele desde então, mencionando que cantaram um ponto de Exu naquele ano e agora conquistaram o título com um enredo sobre Exu e contra a intolerância religiosa.

Arlindinho Cruz, um dos autores do enredo, destacou que a proposta era desmistificar Exu e retratar a verdade do povo de Caxias, que possui um grande número de terreiros de candombé e umbanda. Segundo ele, quando a Grande Rio fala a verdade, a verdade prevalece. A atriz Paolla Oliveira, rainha de bateria da escola, também celebrou nas redes sociais o título de campeã.

A primeira noite de desfile das escolas de samba de RJ no carnaval 2022

Imperatriz Leopoldinense

Após retornar à elite do Carnaval carioca, a escola de samba deu início à noite de desfiles com um enredo em homenagem a Arlindo Rodrigues, carnavalesco responsável pelo desfile vitorioso que rendeu à Imperatriz o seu primeiro título em 1980. A volta da carnavalesca Rosa Magalhães também foi marcante para a agremiação.

A comissão de frente, coreografada por Thiago Soares, dançarino renomado do Royal Ballet de Londres, foi um dos pontos altos do desfile. Iza, à frente da Swing da Leopoldina, brilhou como rainha da bateria pelo segundo ano consecutivo.

Mangueira

Assim como a Imperatriz Leopoldinense, a escola de samba Mangueira trouxe para a Marquês de Sapucaí um enredo que resgata sua própria história. Sob a assinatura do carnavalesco Leandro Vieira, o tema “Angenor, José e Laurindo” celebrou a vida e a obra dos três grandes baluartes da agremiação: Cartola, Jamelão e Delegado.

Do ponto de vista estético, o desfile se destacou pela predominância das cores verde e rosa, com destaque especial para o rosa. Durante o desfile, o intérprete Marquinhos Art’Samba passou mal e precisou ser atendido por bombeiros sobre o carro de som. Sem camisa e utilizando uma máscara de oxigênio, Art’Samba continuou a cantar algumas partes do samba até o fim do desfile.

Salgueiro

Sob o tema “Resistência”, a terceira escola a desfilar naquela noite exaltou a luta da população negra para preservar sua cultura. A agremiação destacou ao longo do desfile locais de grande relevância para a cultura negra no Rio de Janeiro, como o viaduto de Madureira, onde ocorre o tradicional baile charme.

Com a participação da bailarina Ingrid Silva, a comissão de frente da escola trouxe personalidades negras de destaque, como Xica da Silva, Zumbi e o escritor Machado de Assis. À frente da bateria Furiosa, Viviane Araújo encarnou a personagem da cabocla Jurema, conhecida como “rainha das matas” na religião Umbanda.

São Clemente

Homenageando o saudoso ator e humorista Paulo Gustavo, a escola de samba retratou a trajetória desse artista que faleceu em consequência de complicações da covid-19. Amigos e familiares de Paulo Gustavo participaram do desfile em diferentes setores da escola, incluindo sua mãe, Déa Lucia, e o viúvo, Thales Bretas.

Logo no início do desfile, a agremiação enfrentou problemas técnicos com seu carro abre-alas. Além disso, o carro da comissão de frente teve uma falha e as luzes não foram acesas. Esses incidentes afetaram o andamento da escola.

Viradouro

Como atual campeã do Carnaval carioca, a Viradouro apostou em um enredo que estabelece um paralelo entre o Carnaval de 1919 – que celebrou nas ruas o fim da epidemia de gripe espanhola – e o Carnaval de 2022, o primeiro após dois anos da pandemia de coronavírus.

De forma luxuosa, a escola resgatou elementos dos antigos carnavais. A bateria do mestre Ciça empolgou o público e foi um dos grandes destaques da noite. Em sua estreia como rainha de bateria, a atriz Erika Januza se emocionou durante o desfile, trajando uma fantasia de rainha do bloco de carnaval Cordão da Bola Preta.

Beija-flor de Nilópolis

O Beija-flor de Nilópolis foi responsável por encerrar a primeira noite de desfiles do carnaval carioca. Sua apresentação trouxe o enredo intitulado “A importância do protagonismo negro na sociedade”. Durante o desfile, a escola exaltou a luta, as conquistas e as contribuições culturais dos povos afrodescendentes, destacando também personalidades negras, incluindo figuras importantes dentro da própria escola.

De forma luxuosa, a Beija-Flor demonstrou em suas alas e alegorias todo o legado cultural dos povos africanos. Além disso, nomes como Conceição Evaristo e Djamila Ribeiro participaram ativamente do desfile, representando a intelectualidade negra. Uma das surpresas da noite foi a primeira porta-bandeira da escola, Selminha Sorriso, que desfilou careca, quebrando padrões estéticos tradicionais. No time das “musas”, as ex-participantes do programa Big Brother Brasil, Brunna Gonçalves e Natália Deodato, brilharam em um dos carros alegóricos da agremiação.

A segunda noite de desfile das escolas de samba de RJ no carnaval 2022

Paraíso do Tuiuti

Inaugurando o segundo dia de desfiles, a Paraíso do Tuiuti fez diversas referências à cultura popular, como ao filme “Pantera Negra”, à cantora Beyoncé e ao artista e drag queen RuPaul. O enredo, criado pelo carnavalesco Paulo Barros, celebrou personalidades negras de diversas esferas, incluindo Nelson Mandela e Zumbi dos Palmares. Apesar de enfrentar problemas com um dos carros alegóricos, a escola acelerou o ritmo no final, o que resultou em um excedente de dois minutos e uma penalidade de dois décimos na pontuação.

Portela

A Portela, a escola de samba mais antiga do Rio no Grupo Especial, fundada em 1923, usou a majestosa árvore Baobá, testemunha do tempo, para transmitir uma mensagem de resistência, longevidade, sobrevivência e raízes profundas. Além disso, prestou uma homenagem a Monarco, presidente de honra que faleceu em 2021 aos 88 anos, com instrumentos de bateria e roupas dos integrantes estampando seu rosto. Infelizmente, o último carro alegórico quebrou ao passar pelo viaduto da Marquês da Sapucaí.

Mocidade

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a terceira escola a desfilar, prestando uma homenagem a Oxóssi, o orixá caçador que habita as matas. A rainha da bateria, Giovana Angélica, chamou a atenção ao aparecer careca na avenida. Os membros da bateria decidiram raspar os cabelos, um gesto que, dentro das religiões de matriz africana, é considerado um ato de respeito ao orixá. Um dos destaques do desfile foi um tripé com uma imensa árvore, ao redor da qual vários caçadores se movimentaram, ligados a ela por meio de um cipó.

Unidos da Tijuca

A Unidos da Tijuca apresentou um desfile menos tecnológico e mais artesanal, repleto de elementos lúdicos e cores vibrantes, transformando a Sapucaí em uma floresta encantada para contar a lenda indígena do guaraná. A rainha da bateria, a cantora Lexa, optou por uma fantasia inspirada no visual de Luma de Oliveira em seu desfile de 2005. Wictoria Tavares estreou como intérprete da Tijuca ao lado de seu pai, o veterano Wantuir. A escola apresentou alas organizadas e disciplinadas, sem grandes problemas ou atrasos.

Grande Rio

A Grande Rio, como de costume, contou com a presença de famosos em seu desfile, como Pocah (Musa), Monique Alfradique (Destaque), Mileide Mihaile (Musa) e Bianca Andrade (Musa). A rainha da bateria, a atriz Paolla Oliveira, apareceu como Pombagira, a representação feminina de Exu, o orixá mensageiro entre o mundo espiritual e os seres humanos, que foi homenageado pela escola. As fantasias e elementos apresentaram um visual mais rústico, com retalhos e materiais recicláveis. Outros famosos também desfilaram pela Grande Rio, como o repórter e promoter David Brazil, o ex-BBB Gil do Vigor e a atriz e ex-BBB Carla Diaz.

Vila Isabel

Encerrando a noite, a Vila Isabel prestou um tributo ao cantor Martinho da Vila, presidente de honra da escola. O enredo “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho!” exaltou a vida e a obra do artista, que esteve presente em um carro alegórico. A rainha da bateria, a apresentadora Sabrina Sato, chegou à concentração da Sapucaí após uma verdadeira maratona: ela desfilou na Gaviões da Fiel em São Paulo na mesma noite e teve que correr para pegar um jatinho e chegar a tempo ao Rio de Janeiro.

Famosos na Sapucaí

Em 2022, o carnaval do Rio de Janeiro recebeu a presença de diversos personagens famosos que abrilhantaram as escolas de samba e encantaram o público presente na Sapucaí. Celebridades de diferentes áreas trouxeram ainda mais glamour e animação para a festa carioca.

Juliana PaesEntre os famosos que desfilaram no carnaval carioca em 2022, destacam-se personalidades da televisão, música, esporte e moda. A atriz Juliana Paes, conhecida por sua atuação em novelas brasileiras, brilhou como Rainha de Bateria da escola de samba Viradouro, mostrando todo o seu carisma e samba no pé.

Outro destaque foi a presença da cantora Ludmilla, que desfilou como Rainha de Bateria da escola de samba Beija-Flor. Sua energia contagiante e talento musical encantaram a plateia e trouxeram ainda mais animação ao desfile.

Além disso, outras celebridades também participaram da folia carioca em 2022, como a atriz Isis Valverde, que desfilou como Rainha de Bateria da Grande Rio, e o ator Lázaro Ramos, que marcou presença como destaque em uma das alegorias da escola Unidos da Tijuca.

O carnaval do Rio de Janeiro sempre atrai personalidades famosas, que enriquecem a festa com seu talento e carisma. Sua participação contribui para tornar a Sapucaí um verdadeiro espetáculo de cores, ritmos e emoções, celebrando a cultura brasileira de maneira única e apaixonante.

Com a presença desses personagens famosos, o carnaval de 2022 foi mais uma vez um sucesso, demonstrando a força e a importância dessa festa tão querida e tradicional do Brasil. Através de sua arte e paixão, essas celebridades fizeram parte de um espetáculo inesquecível, reafirmando o carnaval do Rio de Janeiro como um dos maiores eventos culturais do mundo.